Pnad contínua

7 em cada 10 universitários estudaram em escola pública, aponta IBGE

A presença de estudantes oriundos da rede pública também é expressiva entre os que fizeram pós-graduação. Cerca de seis em cada 10 pessoas com especialização, mestrado ou doutorado cursaram o ensino médio em escolas públicas

Alícia Bernardes
postado em 13/06/2025 12:20
Segundo a Pnad, o percentual de pessoas com 25 anos ou mais com ensino superior completo subiu de 19,7% em 2023 para 20,5% em 2024, o maior da série histórica iniciada em 2016 -  (crédito:  Marcos Santos/USP Imagens)
Segundo a Pnad, o percentual de pessoas com 25 anos ou mais com ensino superior completo subiu de 19,7% em 2023 para 20,5% em 2024, o maior da série histórica iniciada em 2016 - (crédito: Marcos Santos/USP Imagens)

Sete em cada 10 brasileiros que frequentaram cursos do ensino superior estudaram todo o ensino médio em escolas públicas. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua da Educação de 2024, divulgada nesta sexta-feira (13/6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa considera pessoas que, em algum momento da vida, cursaram a graduação, ainda que não tenham concluído a etapa.

A presença de estudantes oriundos da rede pública também é expressiva entre os que fizeram cursos de pós-graduação. Quase seis em cada 10 pessoas que cursaram especialização, mestrado ou doutorado fizeram o ensino médio em escolas públicas. Para o pesquisador do IBGE responsável pela pesquisa, William Araújo Kratochwill, os números refletem políticas públicas de inclusão educacional, como o sistema de cotas, o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

“Acredito que haja relação direta com programas que buscam ampliar o o de alunos da rede pública ao ensino superior. Essas iniciativas geralmente são voltadas à população de baixa renda, que em sua maioria estudou em escolas públicas”, avaliou Kratochwill. Os dados indicam uma transformação progressiva no perfil dos estudantes universitários, ainda que as desigualdades persistam.

Avanços

Segundo a Pnad, o percentual de pessoas com 25 anos ou mais com ensino superior completo subiu de 19,7% em 2023 para 20,5% em 2024, o maior da série histórica iniciada em 2016. Também houve aumento na presença de estudantes pretos e pardos nos cursos de graduação, embora brancos ainda sejam maioria.

A taxa de frequência líquida que mede quantos jovens entre 18 e 24 anos frequentam o ensino superior em idade adequada, mostra um abismo racial: 37,4% entre brancos, contra 20,6% entre pretos e pardos.

A média nacional de frequência líquida é de 27,1%, ainda distante da meta de 33% estipulada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para 2024. A desigualdade também se reflete nos anos de estudo: enquanto pessoas brancas têm, em média, 11 anos de escolaridade, pretos e pardos somam 9,4 anos. Mulheres seguem com maior escolaridade média (10,3 anos) do que os homens (9,9 anos).

Outros indicadores da Pnad revelam avanços, como a menor taxa de analfabetismo desde 2016: 5,3%, o que representa 9,1 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever. A proporção de pessoas com 25 anos ou mais que concluíram a educação básica obrigatória chegou a 56%, frente a 46,2% no início da série.

No entanto, o país ainda convive com 8,7 milhões de jovens entre 14 e 29 anos que não completaram o ensino médio, e 18,5% da população de 15 a 29 anos está fora da escola e do mercado de trabalho.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia castro

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação